domingo, 26 de abril de 2009

Louvor e Invocação

Louvor e Invocação
Agostinho de Hipona

És grande, Senhor e infinitamente digno de ser louvado; grande é teu poder, e incomensurável tua sabedoria. E o homem, pequena parte de tua criação quer louvar-te, e precisamente o homem que, revestido de sua mortalidade, traz em si o testemunho do pecado e a prova de que resistes aos soberbos. Todavia, o homem, partícula de tua criação, deseja louvar-te.Tu mesmo que incitas ao deleite no teu louvor, porque nos fizeste para ti, e nosso coração está inquieto enquanto não encontrar em ti descanso.

Concede, Senhor, que eu bem saiba se é mais importante invocar-te e louvar-te, ou se devo antes conhecer-te, para depois te invocar. Mas alguém te invocará antes de te conhecer?Porque, te ignorando, facilmente estará em perigo de invocar outrem. Porque, porventura, deves antes ser invocado para depois ser conhecido? Mas como invocarão aquele em que não crêem?

Ou como haverão de crer que alguém lhos pregue?

Com certeza, louvarão ao Senhor os que o buscam, porque os que o buscam o encontram e os que o encontram hão de louvá-lo.Que eu, Senhor, te procure invocando-te, e te invoque crendo em ti, pois me pregaram teu nome. Invoca-te, Senhor, a fé que tu me deste, a fé que me inspiraste pela humanidade de teu Filho e o ministério de teu pregador.

(Confissões, Agostinho de Hipona, capítulo I)

Comumente tenho ouvido sobre santificação, dedicação, abnegação, e coisas que nos chamam para entrar na presença de Deus de uma maneira genuína, contudo vejo erros que, não vejo serem tratados com a devida importância.

Quando leio este hino de louvor deste santo de Deus, remeto-me a profundidade do evangelho e o que ele deve sinceramente representar em nossas vidas. Há uma imensa necessidade de uma pregação genuína, de uma pregação que vem direto do Espírito de Deus para nossas almas. Falo de conversão do lado de dentro da Igreja!

Presenciei uma palavra do Pastor Ricardo Gondim a alguns anos atrás e como fiquem tremendo diante do que ele pregou. Ele iniciou falando de algo que não parecia lógico para um pregador, mas ele não se envergonhou, nem se importou com seus ouvintes, não se rendeu a pressão de que pessoas poderiam sair do lugar logo no prólogo com uma impressão terrível ao seu respeito.

Ele começou colocando em um lugar bem alto todas as suas credenciais e disse: "Meu nome é Ricardo Gondim, pastoreio uma igreja em... estudei... já li... leio toda semana tantos livros... sou formado em... pastoreio há tantos anos..." e a carruagem seguiu por uns 10 minutos até que ele culminou tudo com a frase que se tornou o desafio do meu trabalho com Senhor; "Irmãos, sou pastor a 28 anos (isso na época), prego todos os domingos na minha igreja e já faço isso a muitos anos, se eu pegar um texto bíblico aqui agora posso retirar dele três pontos e fazer um longa pregação em cima dele. Eu preciso saber fazer isso. Senão posso desistir daquilo que faço. Posso falar sobre Jesus o tempo que quiser. Sou um pastor, um homem que tem buscado informação, e se não soubesse fazer isso seria um grande incompetente! Mas isso não é o que importa, meu grande desafio é PREGAR AQUILO QUE O ESPÍRITO DESEJA FALAR! NÃO POSSO SER UM PROFISSIONAL DO PÚLPITO!"

Esta frase é o espinho da minha carne! Que luta é ouvir o Espírito para mim mesmo, ademais ouví-Lo para a igreja, o povo de Deus! Que trabalho!

Sou grato por ouvir isso de um pregador experiente. Deus tem me abençoado muito com esta Palavra.

Agostinho traça aqui uma grande questão, a mesma tratada por Paulo em sua carta aos Romanos. Será que nossa pregação tem sido genuína? Temos realmente falado coisas do coração de Deus? São Palavras inspiradas pelo Espírito SANTO de Deus?

Ao olharmos para nossas congregações o que é que vemos? É minha responsabilidade a questão da Igreja, é nossa responsabilidade as questões da Igreja. Não desejo atacar os ensinos da prosperidade, afinal ele tem lugar, não quero citar a doutrina da libertação ou todos os que nela acreditam e andam sob sua batuta. Não é isso, somos um corpo. Segundo as Escrituras todos sofremos com o erro de um pequeno membro. Estamos sendo atacados por nós mesmo.

Precisamos expurgar do nosso meio a pregação que não vem de Santo Espírito de Deus.

Precisamos buscar isso intensamente!

A trajetória da Igreja não deve permanecer neste rumo, não estou fazendo um discurso ecumênico, onde devemos nos unir em torno de uma única, santa e imaculada doutrina. Estou falando sobre PREGAR A VONTADE DE DEUS!

Segundo as Escrituras, quando o pastor é ferido as ovelhas se dispersam, a verdade é que estamos feridos! Os líderes estão feridos! O caos tem se instalado devido aos ferimentos de alma dos líderes da Igreja. Muitos de nós estamos frustrados com o ministério, com nossos casamentos, com nossas congregações, com o trabalho, com a vida, com a falta de recursos e assim perdemos o curso!

Isaías, Jeremias, Davi, Moisés, Abraão, Josué e tantos outros em determinado momento em suas vidas chegaram a ponto de fazer conforme o padrão humano, eles sucumbiram à pressão, sucumbiram ao próprio coração, falaram como Jó, de coisas que não entendia, de coisas grandes demais que não conhecia. Entretanto se diferenciaram de tantos outros, afinal buscaram o caminho de volta para a presença de Deus, voltaram a proclamar aquilo que estava no coração do Pai, que com todo amor, os aceitou novamente!

Assim como estes, precisamos voltar a ter esta presença do Espírito em nossas vidas. Precisamos puxar o barco para a posição original, para o curso de Deus, para a rota de colisão com o Reino dos Céus! Esta é a nossa tarefa! Este é o nosso trabalho! Este é o nosso empenho! Esta é a nossa relação!

Não fomos chamados para realizar desejos como o gênio da lâmpada, somos chamados a pregar o amor de Cristo, as verdades do Pai, a realidade do Espírito que nos consola.

O fato de termos como trabalho o púlpito, não podemos nos sucumbir ao mesmo! Transformando-o em nosso lugar de profissão.

Lendo o livro "O Homem do Céu" editado pela editora Betânia (1ª edição), onde trás uma estória da trajetória de um homem chinês chamado Liu Zhenying (Irmão Yun) onde me deparei nas seguintes páginas que cortaram profundamente meu coração (192-195), após uma vida de tortura de todos os tipos possíveis e imagináveis, anos de prisão e privação de familiares, vivendo de humilhação em humilhação por conta do Reino de Deus ele trás as seguintes palavras "Se você é um servo do Senhor, permita-me dar-lhe um conselho: Seja humilde e vigie para não cair no mesmo erro que cometi. O Senhor Deus nos deseja para si mesmo, e tem ciúmes de nós. Ele ama nossa alma. Se colocarmos algo acima do nosso relacionamento com Jesus - mesmo que seja o trabalho que realizamos para ele - cairemos em uma armadilha. Se você está esgotado, pare! Descanse! Sua lâmpada precisa do fornecimento contínuo do óleo do Senhor para que a luz não apague." (pag. 195). Este homem estava trabalhando simplesmente pela necessidade que acreditava ser essencial e na verdade era! Contudo esqueceu-se do Espírito de Deus. Da necessidade do Reino de Deus! Do compromisso com o Senhor acima de tudo!

Temos que voltar para a presença d'Ele e lá permanecermos, afinal vidas dependem disso. Vidas dependem do nosso compromisso com o Pai celestial.

Que Deus nos abençoe!

Colaboração: Sítio http://www.urrodoleao.com.br/autores-Agostinho-de-Hipona-001.htm
"O Homem do Céu" - Irmão Yun e Paul Hattaway - Editora Betânia - primeira edição 2005

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